Brasileiros na Europa 2025/26: novos capítulos da mesma paixão

Quando a bola rola de novo em agosto, a sensação é sempre a mesma: a gente olha a escalação dos times europeus e sente um orgulho que não cabe no peito. Tem Alisson gritando no Liverpool, Vinícius dando chapéu em Madri, Marquinhos segurando a zaga do PSG. Parece que o Brasil nunca sai do campo. Nesta temporada, porém, chegou a vez de alguns novos garotos tentar entrar nessa fotografia. E, como sempre, a mala vai pesada: ginga, coragem e saudade de casa.

Premier League: o peso da camisa verde-amarela em terras inglesas

Alisson continua sendo o porto seguro do Liverpool. Dizem que, nos dias ruins, ele ainda manda mensagem pro pai no grupo de WhatsApp da família: “Tranquilo, foi só um dia ruim.” A torcida do Anfield já nem lembra mais a última vez que o goleiro falhou feio. Enquanto isso, João Gomes desembarcou em Merseyside vindo dos Wolves. O menino do interior de São Paulo, que no começo do ano ainda dividia quarto em Wolverhampton, agora vai treinar ao lado de Szoboszlai. A primeira coisa que ele fez foi pedir pra mãe mandar um pote de goiabada — “pra matar a saudade”.

No Arsenal, Gabriel Jesus e Martinelli formam dupla que já não precisa de tradução. Jesus, depois de trocar o centro pelo banco durante parte da temporada passada, voltou com fome. “Agora é minha vez de ajudar o time sem precisar marcar lateral”, brincou com a imprensa. Martinelli, por sua vez, parece ter engolido o manual de finalização: oito gols nos amistosos de pré-temporada. O técnico Arteta já avisou: “Se ele continuar assim, esquece reserva.”

Do outro lado de Londres, o West Ham ainda tenta entender Lucas Paquetá. Um dia ele dribla três e faz gol de letra; no outro, erra passe de três metros. A torcida, em vez de vaiar, canta: “Paquetá, nosso jazz — improvisa, mas entrega.” A verdade é que o meia carioca nunca foi de rotina. E talvez seja isso que o clube precise.

Mas quem roubou a cena foi Endrick. Aos 18, o garoto do Palmeiras aterrissou em Newcastle como se já tivesse jogado a Premier League a vida inteira. A primeira entrevista coletiva foi um show: respondeu em inglês, agradeceu ao professor de escola que o incentivou a estudar, e ainda prometeu “fazer o St. James’ Park tremer”. A expectativa é tão grande que a própria torcida criou um cântico que mistura “Hey Jude” com “Endrick, nosso príncipe.” Só o tempo dirá se o peso da camisa vai caber no garoto, mas até lá, ele já ganhou o coração da cidade.

La Liga: samba, dribles e muita responsabilidade

No Real Madrid, Vinícius Júnior deixou de ser promessa e virou senhor da casa. O número 7 branco pesa, mas ele carrega com naturalidade. Depois de marcar 14 gols na última temporada, Vini chegou nas férias dizendo que “queria mais”. Agora, com Bellingham abrindo espaços, ele promete encostar na marca dos 20. Rodrygo, ao lado, é o tipo de jogador que decide sem avisar. Dá para colocar ele de ponta, segundo atacante ou até falso nove. O vestiário madridista já tem até apelido carinhoso: “o canivete suíço.”

E Militão? Voltou de lesão como se nunca tivesse saído. A primeira partida pós-recuperação foi contra o Barcelona. No minuto 88, ele subiu mais alto que todo mundo e deixou o estádio em silêncio. Depois do jogo, postou uma foto com a legenda: “Deus escreve certo por linhas tortas.”

No Barcelona, Raphinha ainda tenta se firmar. A torcida culé é implacável: se erra dois passes, já vaiava. Mas o brasileiro, nascido em Porto Alegre, sabe que a chave é persistência. “Eu não vim pra ser reserva de ninguém”, disse em entrevista ao Esporte Espetacular. A pré-temporada mostrou um Raphinha mais objetivo: menos drible de efeito, mais finalização. Se continuar assim, pode ser o artilheiro que o clube precisa.

Serie A: a arte de defender com estilo italiano

Na Juventus, Bremer e Danilo formam dupla que lembra Lucio e Juan de antigamente. Bremer, com aquele porte físico que lembra muro, já é queridinho da torcida. Danilo, por sua vez, virou símbolo de versatilidade: joga de lateral, de zagueiro e, quando precisa, ainda dá um corte na sobra. “O segredo é estudar bastante”, revelou o capitão. “Eu assisto vídeo até de goleiro, imagina.”

No Milan, Messias Júnior não é titular absoluto, mas sempre entrega quando chamado. O técnico Pioli já disse que ele é “o 12º titular” do elenco. Já na Atalanta, Kaio Jorge tenta reencontrar o futebol que o fez brilhar nas categorias de base. Depois de lesões e poucos jogos, ele chegou em Bergamo com uma missão: marcar gols e recuperar confiança. A torcida italiana, famosa por cobrar, já criou uma música: “Kaio, Kaio, vai fazer o gol que a gente espera.”

E tem Arthur, que depois de passar em branco no Liverpool, encontrou minutos no Torino. “Às vezes, a vida te dá uma segunda chance vestida de camisa grená”, postou no Instagram. A verdade é que o meia ainda tem muito futebol. Resta ver se o corpo acompanha.

Bundesliga: aproveitar o espaço e correr sem parar

Rodrigo Muniz deixou a Inglaterra para tentar a sorte na Alemanha. Em Hoffenheim, encontrou um estilo que combina com seu jogo: movimentação constante, bola longa e muita área. “Aqui é tudo mais direto. Se você hesita, perde a bola”, explicou o atacante. A primeira partida oficial terminou com gol dele, e a torcida alemã já aprendeu a cantar o sobrenome com sotaque de Oktoberfest.

Wendell, no Leverkusen, é o lateral que todo técnico quer: seguro na defesa e perigoso no ataque. Aos 31, ele sabe que o relógio não para, mas garante: “Enquanto as pernas responderem, eu corro.” No Wolfsburg, João Pedro ainda tenta se firmar. O garoto tem velocidade, drible e faro de gol. Só falta consistência. “Aqui não tem moleza. Um jogo ruim e você já ouve o técnico no ouvido”, confessou.

Ligue 1: juventude e responsabilidade no Parque dos Príncipes

Marquinhos segue como capitão do PSG. Aos 31, é ele quem organiza a zaga, quem cobra falta e quem dá bronca no companheiro que chega atrasado. Ao lado, Lucas Beraldo chegou como aposta e virou titular em três meses. “O Marquinhos me deu um abraço no primeiro dia e disse: ‘Aqui é seu lugar também.’” A dupla já é considerada uma das mais sólidas da Europa.

Carlos Augusto, do Monaco, é outro que se destaca pela versatilidade. Joga de lateral, vira zagueiro, ainda sobe bem. “O segredo é dormir cedo e comer feijão”, brincou. Vanderson, também no Monaco, é o lateral que cruza, marca e ainda corre mais que o atacante. A torcida francesa já criou até camiseta com a cara dele.

E Andrey Santos, depois de poucos minutos no Chelsea, pode ir parar na França ou na Espanha por empréstimo. “Preciso jogar. Não vim pra Europa pra treinar e ir embora”, disse, firme.

Por que a gente ainda domina? A resposta tá no quintal

Não é só habilidade. É a mistura de rua, futsal, vontade de vencer e saudade de casa. A gente cria jogador que dribla, mas também que chora quando perde. Que marca gol e liga pra mãe. Que chega na Europa e aprende a falar italiano em seis meses, só pra entender o técnico.

A temporada 2025/26 promete mais do mesmo: gols, dribles, e muito coração. Quem vai brilhar? Vai ver é o Endrick. Ou quem sabe o Raphinha finalmente vira rei. O que importa é que, de Anfield ao Parque dos Príncipes, a ginga continua viva. E enquanto isso, a gente aqui, do outro lado do oceano, segue acordado de madrugada, com a camisa do Brasil vestida por cima do pijama, torcendo pra cada um deles lembrar de onde veio.